sexta-feira, janeiro 26, 2007

o mundo é meu!!

"O relógio luta comigo como david e golias
Tempo passa e vai passando, queimando as fantasias
Curso quase acabado, contracto assinado
Não pacto comigo, sigo à procura do meu fado
Não quero pôr a máscara, vestir um fato, obrigado
Sou soldado, não uso gravatas como camuflado
O segredo gravado, há fantasmas que me perseguem
Nem as palavras conseguem explicar o que não percebem
Decepcionadas do evento, o meu próprio nascimento
Tenho descoberto que o mundo não tá aberto um momento
Aguardo, nunca hei-de baixar a guarda e resisto
Já tinha dito, o mundo é meu, por isso não desisto..."
"Senso Comum", Mind da Gap

sábado, janeiro 20, 2007

Tanto e tão pouco...

Vasculhando pelos escombros desta explosão... procuro algum nexo, alguma razão, algum motivo real para continuar, para não mandar foder tudo isto que me está entranhado na pele e se desenvolve como um vírus raro… que me suga a vontade de ser.
Um bolso cheio de tudo e outro de um tão forte nada…
Por um lado desabafo o que me dói… desejo o que não existe, e talvez nunca tenha existido em mais lado algum que não na minha cabeça… desejo que me desejes… desejo que me queiras… como eu a ti te quero… te quis e quererei… desejo que me ames… como talvez sempre o fizeste… ou como mais provavelmente nunca o sentiste …talvez (mais uma vez) apenas na minha cabeça…
Desejo sentir-me algo… além deste vazio que carrego e arrasto por cada penoso dia de existência…
Desejo sentir-me “desejada”… amada… ansiada… tocada… sentida… respirada… puxada… acarinhada…
Desejo sentir-me útil… ser-te útil… fazendo com que este obstáculo não interfira… mas…
Erro a toda a hora… faço e digo o que sinto quando não devo, tenho um invulgar dom de destruir tudo aquilo que toco… Tenho a estranha capacidade de fazer acontecer exactamente o oposto do que desejo… Consigo corroer-me por dentro com coisas que acreditei ser capaz rejeitar… (mas que na realidade nunca quis negar)…
Palavras e mais palavras em redor de algo que quero dizer de modo curto, rude e intenso… que preciso deitar cá para fora… mas a minha deteriorada força nega-se então…
Rasgam-se ao pouco os pequenos pedaços de mim… queimam-se ao ver que apesar de tanto, de tudo aquilo que me foi ofertado… de tudo dei cabo… tenho apenas um grande vazio, de intensos breves instantes que não chegaram para se afirmarem em ti… como o foram (e sempre o foram) em mim…
dói-me tudo o que não tenho, o que tenho e nunca me deixarás ter… que nunca me darás… que nunca me deixarás dar-te…(aperto-te em meus olhos com a mesma vontade com que choro…) os meus ataques de pânico impedem-me de respirar… mas faço-o, entre estúpidas lágrimas e inúteis soluços, e questiono-me “porquê?”… talvez não seja aquilo que realmente precises, gostes, queiras, sintas…
talvez…
tanto e tão pouco…
é tudo o que sei dizer…é tudo o que sinto!
afinal a insegurança é a minha maior “qualidade”…

sexta-feira, janeiro 12, 2007

"(...) Tenho as duas mãos fechadas,
erguidas para a tempestade...
mas em ambas apenas seguro esta tristeza,
esta solidão...
duas mãos cheias de silêncio...
cruel,
duro,
inexplicavelmente frio.
Alivio momentâneo...
sinto-o quando estou entre o sono e o acordar...
mas apenas aí...
o sono é tão instável...
o acordar doloroso... (...)"

sábado, janeiro 06, 2007

Foda-se… perguntas, perguntas e mais perguntas… todas elas sem resposta, troco perguntas por um vazio de ódio e raiva, de impotência e desespero, um silêncio que esmaga a minha garganta a cada segundo que passa… como se uma mão fosse, desmesuradamente forte, que sem grande esforço aperta entre os seus dedos um pedaço de carne, impedindo-o de respirar… é este o silêncio que sinto!!!
Mato-me aos poucos… desta vez já nem é por querer… é porque é… porque assim acontece… mato-me sozinha sem mexer uma palha!!! Tenho fisicamente um corpo… o meu… mas já não me resta mais nada, não me resta de mim nenhuma parte sã… senão este corpo aparentemente saudável… doente, corroído… odiável, desprezível… miseravelmente só… triste, tão infeliz que apenas a um silêncio têm direito…
Foda-se para isto tudo!!!
Para que escrevo eu?! Já sei que nunca me sinto melhor quando páro… apesar de nunca querer parar… para que insisto? Palavras talvez nunca lidas… fechadas numa gaveta qualquer… desbotando a sua tinta pela humidade natural entranhada lá… no fundo do baú fechado apenas a uma chave… comum a alguém que parece que a perdeu… eu perdi a minha, mas deixei-o aberto… não sou capaz de o fechar… não quero… quero arejar, deixar respirar tudo aquilo que lá guardo… não quero deixar morrer também por asfixia tudo isto (como eu) … que estou para aqui para aqui a dizer?!... mesmo que quisesse matar tudo… queimar… rasgar… despedaçar… estilhaçar… partir tudo… nunca conseguiria… continuo com a mania que tenho um certo controlo em qualquer coisa…
Quero mandar tudo p’ro caralho… desapareçam-me da frente… quero estar sozinha!! Quero companhia… tenho medo deste silêncio! Não sei enfrentá-lo sozinha… não sei, não sei e tenho medo…
Não quero chorar… “então porque o fazes?”… tristes!! Como se o meu querer de algo valesse… São todos uns tristes… uns tristes ignorantemente felizes, talvez por não descobrirem que de nada vale querer… talvez nunca descubram! Invejo-os por isso… a todos, por não ser tão vagamente normal… tão vagamente feliz… tão vagamente humana… e por não apenas vagamente existir… como eles!!
Quero desaparecer de perto da multidão, quando lá estou… quando estou sozinha, preciso tanto de não o estar… sinto-me completamente louca! Que faço comigo?! Expludo de felicidade por algo vulgar… e no segundo a seguir choro desesperadamente como se o mundo acabasse ali mesmo…
Sem atribuir culpas… (rio-me ironicamente) culpo esse silêncio cruel… culpo-me talvez a mim por não ser digna de mais nada que não isto… um silêncio amargamente cruel!!!

quinta-feira, janeiro 04, 2007

sou...


sou apenas um fantasma daquilo que julguei ser...
sou apenas um bocado de nada cheio de uma força oca...
sou apenas um fraco bocado de carne mais morta que ontem...
sou apenas uma fraqueza...
sou apenas algo débil...
sou apenas uma sombra...
sou apenas uma face triste...
sou apenas um corpo vazio...
sou apenas algo que aspira ser um "ser" vagamente feliz...
sou apenas um bocado de consciência consumida... que desejava não o ser
sou apenas um estilhaço de um sonho incomparavelmente perfeito, entranhado na carne de um corpo sem vontade…
sou apenas um espelho de coisas más…
sou apenas uma imagem feia…
sou apenas um pensamento amargurado…
sou apenas uma lágrima estagnada…
sou apenas uma insónia interminável…
sou apenas uma criança mimada que pede colo…
sou apenas algo dependente…
sou apenas uma fachada oca…
sou apenas uma alegria podre…
sou apenas uma vaga penumbra…
sou apenas um vulto perdido…
sou apenas algo esquecido…
sou apenas um pequenino pedaço frágil de brilho tímido...
sou apenas um insignificante anjo perdido vagueando pela noite, procurando as restantes penas das suas asas esfarrapadas pela solidão…
sou…
apenas sou um bocado de nada esquartejado pela dúvida de um silêncio áspero…

terça-feira, janeiro 02, 2007

Insónia...

...afogo-me
no meio desta calma serenidade insatisfeita de lodo, afogo-me ao tentar sair dela... tento chegar a uma margem, mas gasto energicamente a minha força e ela parece divertir-se fugindo de mim...
estou exausta, não consigo toca-la por muito que tente esticar-me, e que mais não seja arranhá-la...chegar-lhe, tocar-lhe para me amparar um pouco, ou empurrar-me ainda mais para o centro!!Que impotência!!
tento não desistir... mas o meu corpo pede-me o contrário.. Pede-me descanso...
tento ainda uma ultima vez.. tem que ser desta, ou então não... tento chegar-te... mas estou tão longe!! sinto as algas, quase como cordas prendendo-me os pés... vão-me enrolando a cintura... cada vez apertam mais, sobem-me pelo corpo, dão-me voltas, envolvem-me o pescoço, puxando-me para baixo, asfixiando-me aos poucos... olho-te ainda uma ultima vez... oh margem... parece que te ris... oiço-te chamando-me tonta...
que queres com isso dizer?
"desiste porque não consegues chegar até mim..." ?! "eu não valho a pena..."?!!! "é impossível" ?!
é isto que queres dizer?
é isso que julgas?
é isso em que queres acreditar?
é disso que precisas?
por agora não resisto mais... rendo-me a estas amarras... deixo que me puxem pacificamente até ao fundo deste lodo onde já não me movo...
fecho os olhos...
inspiro uma ultima vez, um ar solto mas imundo...
e então vou ao fundo...
envolvida por esta coisa estranha... fria...suja...negra...............cansada...
aguento o ar dentro dos pulmões o mais que posso... mas não posso mais, até o seu sabor é horrível!!
solto-o aos pouos...
abro os olhos e vejo-o sair...
vejo as bolhas dançando lentamente, baralhando-se com o seu rumo a tomar....
e vão para a superfície...
uma a uma...
fico sem ar...
deixo-me afogar...
respiro esta incógnita matéria liquida que me envolve...
as lágrimas vêm aos meus olhos por causa desta sua acidez...mas misturam-se
já não respiro, já não resisto, já não me mexo, já não fujo!!!!
mas ainda vejo... ainda consigo ver e o cérebro parece que também não se afoga ao mesmo tempo que os pulmões... a alma ainda está comigo... estranhamente!
mas não vejo ninguém... nunca ninguém se afogou aqui antes... ou pelo menos recentemente, talvez já tenham sido corroídos os corpos por todo este ácido...que já sinto chegar-me aos ossos...
olhos... não vejo nada... a escuridão é cada vez maior... acho que vou então fechá-los!!