sábado, dezembro 30, 2006

apetece-me escrever...
acho que esta é a unica coisa que realmente me faz sentir melhor agora!! apesar de todas as frases estarem gastas... de nenhuma palavra exprimir aquilo que quero mesmo dizer, acho que ainda não foi inventada... que merda!! mas escrevo na mesma... já que mais nada posso fazer...
Calo-me... e fico a ouvir-me... que ridiculo!! não sei "kuantas" sou.. mas oiço-me mesmo calada... o minha face esquizofrenica vem então ao de cima... todos os meus lados, até o mais negro quer k eu oiça a sua dor... tão confusa de me ouvir que já nem sentido tenho a escrever!!

"Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu. " Não sei Quantas Almas tenho, Fernando Pessoa

...talvez numa misera tentativa de acalmar esta fúria... escrevo na mesma... mas porque raio não me sinto melhor nesta angustiante inquietação?!

sexta-feira, dezembro 29, 2006

hoje

Fdx… o que é isto?!
Acordo revoltada, apaixonada, xateada, amaldiçoada, a odiar o mundo que me dá tudo o que quero, e me “muda” o meu querer… fdda com a vida, com o mundo… com um suposto deus... com a minha teimosia... com a minha personalidade estupidamente forte… com a minha vontade… acordar é uma dor… apenas mais forte do que era antes… sempre senti isto.. apenas não lhe dava muita importância.. porque o amanha vinha sempre com a certeza de nunca o acentuar…….. mas…
Quem sabe o dia de amanha?!
E houve um amanha que o acentuou.. que apenas mostrou mais claramente a merda toda que andava a fazer! É cruel… merda, aquilo que construí... apenas por construir nem que fosse por alguém... apenas com medo do amanhã... apenas com medo dos meus medos.. da minha depressiva solidão eterna….
Por mais que o tente mudar não há dia nenhum em que não pense e queira ir-me deste mundo… não há nem um! Já não acredito em nada, nem em mim… se até a mim mesma me faço mal… como posso confiar em mim?! Acreditar numa vida comigo mesma?! Como? Estar à espera das “palmadinhas nas costas”.. que por x´s aparecem.. mas que nada sabem de mim!! Aliás… quem sabe algo de mim? Nem eu sei.. nem mesmo eu sei..
Acordo todos os dias com vontade de fugir… acordo todos os dias com uma identidade diferente… “ Onde está a mulher que enfrenta o mundo inteiro de cara levantada, dona do seu destino, sem medo de nada, sem medo de ninguém, com a toda a coragem que existe no mundo?” …sinceramente… não sei… sei que existiu um dia, e talvez ainda vagueie perdida por alguma sombra… mas essa HOJE não sou eu… não sou nada... não tenho nada, ou não quero ter nada,
não sou dona das minhas vontades…
dos meus desejos..
das minhas frustrações,..
das minhas depressões…
das minhas fraquezas…
dos meus princípios e ideais…
quanto mais dona do meu destino!!!!!
Coragem?!.. sim sempre a tive.. mas observando bem.. talvez não tenha passado de uma crise de rebeldia.. querer ser capaz de provar a quem quer que fosse que sou capaz daquilo que quero… esta frase soa-me estranha.. porque ainda hoje acredito um pouco nela…
Medo.. hoje tenho medo… continuo a ter medo, mas já não sou capaz de o camuflar!! Acho que até gosto de ter medo!
Olho-me ao espelho… e até o corpo está a mudar… sou consumida por tudo isto.. as minhas forças são canalizadas para “querer ainda viver”… já nem preciso de respirar… isto alimenta-me… consome-me até por fim me apagar…
Louca?! Sim.. hoje sou mais que nunca.. louca porque acredito num mundo que não existe.. acredito em ideiais mortos… acredito que as pessoas são mais fortes que qualquer puta de droga… acredito em coisas que já são meramente cinzas de tão putrificadas que já não passam disso mesmo… meras decomposições de algo que um dia talvez tenha existido… acredito em coisas estúpidas… acredito que consigo lutar (sozinha) contra o mundo e vencer, só para te provar que vale a pena…. mas nisto acredito mesmo! Serei mesmo louca? Debilitada? Ou simplesmente uma fraca de espírito? Responde-me!!! Porque eu acredito que sou capaz…

Olho à minha volta e que vejo eu? Fragmentos, momentos, frases soltas, fotografias, palavras, musicas, poemas inacabados, bocados de vida… felizes, alguns apenas felizes recordações, outros apenas crenças numa felicidade utópica… mas sou louca… sou… e em utopias, apenas arquitectónicas, conceptuais… não, não acredito em utopias!

Conduzo o meu carro… por enquanto, para lugar nenhum… o nevoeiro desce... bate-me contra os vidros, abro a janela, deixo-o entrar, o frio gela-me os dedos, a face, as lágrimas, o corpo… faz-me companhia, e ao mesmo tempo aquece-me a alma!
Fdx… diz-me o que é isto!
Vivo cada momento com uma intensidade descabida…
Chego a casa e espero que algo mude… que tudo mude por si só!
Deito-me tentando acreditar nisto…
Mas a noite tem graves problemas de consciência… e agita-se ao pé daqueles que não dormem... e eu.. eu parece que nunca durmo…
Reviro-me… dou voltas e mais voltas.. tapo-me, destapo-me, abano a cabeça… tento não pensar.. mas os pensamentos gritam, e gritam e GRITAM AINDA MAIS ALTO.. até ficarem roucos.. chego a pensar que os vizinhos os ouviram..
consomem-me…
entranham-se..
ferem-me…
rasgam-me a carne…
tentam sair pelos poros da minha pele…
asfixiam-me…
torturam-me…
vencem.me…
batem-me…
manipulam-me…
dominam-me…
tocam-me…
abraçam-me..
acariciam-me…
beijam-me…
e voltam a fazer-me mal de novo… o que são estes pensamentos?
Uma macabra mistura entre o que me mata e o que me prende a este mundo..
o que me consome e me dá vida… e os pensamentos que me dão vida, os que me mantêm aqui… são meramente utopias…
aahh mas é verdade…
já quase me esquecia, mas eu sou uma louca que não acredita em utopias!!!

domingo, dezembro 24, 2006

nada...


"Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto de mais ou de menos, não sei
Se me falta escrúpulo espiritual, ponto-de-apoio na inteligência,
Consangüinidade com o mistério das coisas, choque
Aos contatos, sangue sob golpes, estremeção aos ruídos,
Ou se há outra significação para isto mais cômoda e feliz.
(...)
Seja o que for, era melhor não ter nascido,
Porque, de tão interessante que é a todos os momentos,
A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
A dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair
Para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas,
E ir ser selvagem para a morte entre árvores e esquecimentos,
Entre tombos, e perigos e ausência de amanhãs,
E tudo isto devia ser qualquer outra coisa mais parecida com o que eu penso,
Com o que eu penso ou sinto, que eu nem sei qual é, ó vida.
(...)
Cruzo os braços sobre a mesa, ponho a cabeça sobre os braços,
É preciso querer chorar, mas não sei ir buscar as lágrimas...
Por mais que me esforce por ter uma grande pena de mim, não choro,
Tenho a alma rachada sob o indicador curvo que lhe toca...
Que há de ser de mim? Que há de ser de mim?
(...)
Acenderam as luzes, cai a noite, a vida substitui-se.
Seja de que maneira for, é preciso continuar a viver.
Arde-me a alma como se fosse uma mão, fisicamente.
Estou no caminho de todos e esbarram comigo. "

Excertos de “Passagem das horas” Álvaro de Campos, 22-5-1916

segunda-feira, dezembro 18, 2006

...choro

"Caem como folhas
Lagrimas do seu rosto
Suavemente descem
Deixam-lhe um desgosto

Entre dois suspiros
Sopro-lhe na face, sem favor
Abre-se a janela
Tenta um disfarce

Aperta-me a mao
Ri por um instante
Deixo-me ficar
Deixo-me ficar

Nunca quis saber
Nunca quis acreditar
Que irias partir
Nao podias ca ficar
Nunca quis escutar
E muito menos quis ouvir
O teu silencio que avisava
A intencao de nao voltar
Podes crer
Bem que me disseram
Para nunca me dar
A uma pessoa ou a um lugar
Podes crer
Se um homem nunca chora
De que servem estes olhos
Se nao podem mais te ver
Queria ver
Queria saber
O que fazias tu
Que estas aqui a observar
Estas a ver
Estas a perceber
Pode ser que um dia
A gente volte a se encontrar
Agora embora,
Agora sem demora
Deixa-me ficar aqui sozinho para pensar
Agora agora
Que a minha alma chora
Como diz alguem
Vou me perder pra me encontrar

Esse choro triste
Desespero seu
P'ra tentar dizer
Nada se perdeu

Pede-me que fique mais
Por um segundo eterno
Como se quisesse ter
O meu beijo terno

Aperta-me a mao
Ri por um instante
Deixo-me ficar
S por esse instante" Donna Maria, "Dois lados do mesmo adeus"

terça-feira, dezembro 05, 2006

Dilema...

Que se passa? Consigo controlar tanta coisa… e porque não consigo controlar o meu próprio pensamento?! O que se passa?! Dou comigo a vaguear a uma velocidade estonteante por entre pensamentos tão reais que nem me atrevo a proferir.. o k aconteceu à minha parte racional? O que se passa quando o meu silencio afinal não passa de um turbilhão de pensamentos só meus k me recuso a partilhar… o k aconteceu à pouca calma que existia quando os olhos fechava e tentava descansar?! Agora já não o faço… não consigo…todos os momento são momentos de frenética e doentia actividade mental… que preferia oprimir… reprimir.. apagar! K aconteceu ao silêncio que me deixava pensar? Agora são só imagens soltas… filmes inteiros… longos e curtos acontecimentos inexistentes tão intensos que o meu corpo os ressente fisicamente… dou comigo tão distante e tão noutro mundo, e ainda nem sequer mexi o café… porque me fazes isto…pensamento?! Porque me agarras deste modo e te afirmas assim, como meu dono…


Dóis-me… sufoco de cada vez que penso… e mais ainda de cada vez que não penso… sofro muito mais por não sofrer contigo… sofro muito mais quando não me deixas pensar… sofro sempre mais cada vez que te negas a deixar-me pensar contigo…
Sinto-me do avesso… já nem consigo distinguir o que sinto… mas quando não te partilhas apetece-me morrer… que triste fado será este, que dilema é este?!
…palavras soltas, sem nexo… numa vã tentativa frustrada de desabafar, de me sentir melhor.