sábado, fevereiro 24, 2007

::(non)fraterno:::

Dói-me o peito.
Dilaceraram-me o amor próprio.
Amputaram-me a força… aqui de onde ela nasceu!

Não devia dizer isto…
Mas…
ODEIO
ODEIO
ODEIO
ODEIO
ODEIO
ODEIO-TE a ti tt cm o k me odeias a mim… sem saber kual é a razão para tal!!!
Mas odeio!!!

Sou tua filha… devias amar-me, proteger-me… em x de me kerers matar desta forma, sempre que podes e sempre consegues!

ODIO
RAIVA
DESESPERO
PÂNICO
SOLIDÃO
DESPREZO
VIOLÊNCIA
DOR….física… mental…
INDIFERENÇA

Foda-se…pk raio kiseram tb ser tão egoístas e deixarem-me só a mim aqui…
apenas uma semente infrutífera e sozinha de tão malfadada espécie…

SOZINHA.. única e tristemente sozinha… SEMPRE O SEREI!

Não basta já… tudo isto…
Não?!
Foda-se que mais queres?!
Queres que todas as palavras que proferes… talvez sem sentido se tornem reais?!
Acredita… não queres que eu desapareça mais do que eu quero desaparecer… acredita!!
Não julgues que sou como tu…
ORGULHOSAMENTE NÃO SOU COMO TU!
Tenho no peito um coração…
Não uma pedra como tu… e quando falo..digo apenas o que sinto… não o que sei que te vai ferir como tu…

ODEIO… e odeio-me por isso!
ODEIO-ME mais a mim que a qq outra coisa… como é possível fazeres-me sentir assim?!

Se um dia tiver coragem… (aquela que mais uma x hoje não tive) para acabar comigo de uma vez… Vais chorar a minha morte… eu sei…
“A minha filha…” chorarás a minha perda com um orgulho saudoso… vais querer dizer-me nesse dia que afinal até gostavas de mim… mas nunca o dirás… porque não podes tirar essa pose de duro, de homem martirizado, embrutecido pela vida e sem capacidade de demonstrar bons sentimentos..
Nesse dia…
Nesse dia vai ser tarde… e mesmo que o digas… nem que seja apenas uma única vez.. Não o ouvirei…
Nunca o ouvirei!
…pior que isso…
Nunca o senti!!! Não sei o que é isso…

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

::silenci(and)o(me)::::::

Anseio(-te) o beijo,
Preciso(-te) a presença,
Quero(-te) o corpo,
Prendo(-te) a alma…
“Preciso que precises de mim…”
Dá-me isso!
Dá-me isso e o teu corpo!
Dá-me isso, o teu corpo e ama-me!!
Empurra-me contra a parede.
Empurra-me entre ti e ela…
Empurra-me a mim.. ao meu corpo, ao meu eu…
A minha alma… dou-ta!

Aperta-me assim!
Agarra-me num gesto bruto apenas…
Respira-me…
Fecha os olhos e …vê-me!
Arranca-me… de mim e de ti e de entre nós… estas barreiras…

Despe-me assim!
Despe-te num gesto bruto apenas…
E respira-me…

Empurra-me contra a parede.
Empurra-me entre ti e ela…
Toma o meu corpo…
Toma cada pedaço do meu corpo…
Toma cada perfume e gesto…
Toma o meu corpo…
É teu… dou-to!

Agarra-me assim!!!
Aperta-me entre os teus dedos…
Aperta-me entre os teus lábios…

Marca-me!!
Mostra-me…
Preciso que me mostres…
Mostra-me…
Toma-me assim!
Possui-me aqui!
Tem-me agora!
Percorre-me… Marca-me como tua… Trinca-me… Prende-me… Arranha-me… Tortura-me… Penetra-me … a alma!!

… Pertence-me…
… Pertences-me?...
Toma o meu corpo…
Toma-me!
Toma o meu olhar
o meu desejo
o meu cabelo
o meu tacto
o meu cheiro
o meu sorriso
a minha boca
as minhas mãos
os meus braços
as minhas pernas
o meu peito
o meu sexo!!

Toma-me!
Toma-me assim!
“Preciso que precises de mim…”
Dá-me isso!
Dá-me isso e o teu corpo!
Dá-me isso, o teu corpo e ama-me!!



Quero desaparecer…
Porque quando olho á volta as casas são feitas de cinza, as janelas não são mais que fumo, e o chão uma enorme mancha vermelha?
Porque é que o nevoeiro tomou conta da minha (como de tantas outras) vida, o sol deixou de entrar nas nossas cinzas, e ao passar pelas janelas apenas multiplica e espalha o fumo…
A vida é vermelha e preta. E a parte que ainda é cinza… para lá caminha.
Quero tornar-me vermelha…
Já não quero ser fumo, nem preto…
Quero o vermelho… Mereço esta fase terminal, não ma neguem!!! Se as lágrimas já se tornaram sangue porque tenho que permanecer fumo… porquê?
O que vejo à volta? Preto, cinzento e uma enorme mancha vermelha morta a alastrar… a entrar pelas nossas vidas e a levar algo que era meu… e depois fica o fumo vazio.
O ódio desperta, a raiva surge, a nossa vida deixa de ser algo incrível…
Afinal é apenas rotina de velhos, cansados, condenados mortos-vivos. Dentro de cada um já existe algo vermelho… ás vezes demora a apoderar-se de todo o resto… outras é fulminante.
E porque é que em mim demora tanto?!
Se EU QUERO que os meus alicerces caiam… se a cinza deles já esvoaça com a brisa do vermelho… Porque não caí logo tudo de uma vez? Porque é que estes vãos teimam em apenas espreitar e não fechar…
Sinto-me cansada… sou mais uma das almas condenadas a pagar por algo esquecido e apagado pelo tempo… pela cinza.
E a cada movimento a carne rasga… sangra… grita… implora por não repetir esta rotina que já não aguenta… e então cá continuo morta e a viver… até que um dia o céu fique (para mim) vermelho enfim.

2004.07.17

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

::::Insónia:::II:::


Falta de tudo...
Falta-me tudo...
Até a capacidade de criar algo...
capaz de me acalmar.
capaz de me fazer respirar.
Impotente...
Sinto-me
... vazia
... desprovida de toda a capacidade expressiva...
mas...
preciso de me exprimir!
preciso de me fazer ouvir!
"Não durmo, nem espero dormir.
Nem na morte espero dormir.
Espera-me uma insônia da largura dos astros,
E um bocejo inútil do comprimento do mundo.

Não durmo; não posso ler quando acordo de noite,
Não posso escrever quando acordo de noite,
Não posso pensar quando acordo de noite
Meu Deus, nem posso sonhar quando acordo de noite!

Ah, o ópio de ser outra pessoa qualquer!

Não durmo, jazo, cadáver acordado, sentindo,
E o meu sentimento é um pensamento vazio.
Passam por mim, transtornadas, coisas que me sucederam
— Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;
Passam por mim, transtornadas, coisas que me não sucederam
— Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;
Passam por mim, transtornadas, coisas que não são nada,
E até dessas me arrependo, me culpo, e não durmo.

Não tenho força para ter energia para acender um cigarro.
Fito a parede fronteira do quarto como se fosse o universo.
Lá fora há o silêncio dessa coisa toda.
Um grande silêncio apavorante noutra ocasião qualquer,
Noutra ocasião qualquer em que eu pudesse sentir.
Estou escrevendo versos realmente simpáticos
Versos a dizer que não tenho nada que dizer,
Versos a teimar em dizer isso,
Versos, versos, versos, versos, versos...
Tantos versos...
E a verdade toda, e a vida toda fora deles e de mim!

Tenho sono, não durmo, sinto e não sei em que sentir.
Sou uma sensação sem pessoa correspondente,
Uma abstração de autoconsciência sem de quê,
Salvo o necessário para sentir consciência,
Salvo — sei lá salvo o quê...
Não durmo. Não durmo. Não durmo.
Que grande sono em toda a cabeça e em cima dos olhos e na alma!
Que grande sono em tudo exceto no poder dormir!
Ó madrugada, tardas tanto... Vem...
Vem, inutilmente,
Trazer-me outro dia igual a este, a ser seguido por outra noite igual a esta...
Vem trazer-me a alegria dessa esperança triste,
Porque sempre és alegre, e sempre trazes esperança,
Segundo a velha literatura das sensações.
Vem, traz a esperança, vem, traz a esperança.
O meu cansaço entra pelo colchão dentro.
Doem-me as costas de não estar deitado de lado.
Se estivesse deitado de lado doíam-me as costas de estar deitado de lado.
Vem, madrugada, chega!

Que horas são? Não sei.
Não tenho energia para estender uma mão para o relógio,
Não tenho energia para nada, para mais nada...
Só para estes versos, escritos no dia seguinte.
Sim, escritos no dia seguinte.
Todos os versos são sempre escritos no dia seguinte.
Noite absoluta, sossego absoluto, lá fora.
Paz em toda a Natureza.
A Humanidade repousa e esquece as suas amarguras.
Exatamente.
A Humanidade esquece as suas alegrias e amarguras.
Costuma dizer-se isto.
A Humanidade esquece, sim, a Humanidade esquece,
Mas mesmo acordada a Humanidade esquece.
Exatamente. Mas não durmo."
Insónia, Álvaro de Campos
...é isto!
...é isto que sinto!

domingo, fevereiro 18, 2007

"Está tudo bem!!!"

"fingir que está tudo bem: o corpo rasgado e vestido
com roupa passada a ferro, rastos de chamas dentro
do corpo, gritos desesperados sob as conversas: fingir
que está tudo bem: olhas-me e só tu sabes: na rua onde
os nossos olhares se encontram é noite: as pessoas
não imaginam: são tão ridículas as pessoas, tão
desprezíveis: as pessoas falam e não imaginam: nós
olhamo-nos: fingir que está tudo bem: o sangue a ferver
sob a pele igual aos dias antes de tudo, tempestades de
medo nos lábios a sorrir: será que vou morrer?, pergunto
dentro de mim: será que vou morrer?, olhas-me e só tu sabes:
ferros em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer:
amor e morte: fingir que está tudo bem: ter de sorrir: um
oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga."

José Luis Peixoto

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Vagueio...
Nesta praia deserta, em que apenas existo eu...
Eu...
O meu melancólico cigarro...
A minha esfumada solidão...
Este rodopio de vento, areia e pensamentos...
Sento-me na fria areia,
a olhar-te,
a ti, mar!!
Procuro aqui, algo que já não tenho...
Algo que apenas perdi...
Falo com ele...
Não me responde, mas ao menus não permanece naquele silêncio cortante e doloroso...
Tranquilidade, Calma, Paz... alguma Segurança...
É o que procuramos,
Eu e a minha companhia...
Eu e as cinzas, que voam já, do meu cigarro...
Molho os pés.
Está tanto frio... sinto-os gelar.
Ondas mais violentas empurram-se nas minhas pernas...
Como é gélida esta água...
Vou caminhando então á beira dela,
deixando que esta apague as minhas efémeras marcas nesta vida de areia...
O vento gelado liberta-me as lágrimas ao bater-me na cara.
Respiro-o...
Devagar...
Expiro as más energias...
Deixo sair, por agora, com elas esta mágoa que me atormenta...
"Não me importo com nada!" digo-te.
Hoje não me importo com mais nada...
Se tiver que assim ser hoje...
Se estiver condenada ( a hoje) ... não ter mais nada...
Conformo-me...
Hoje, não me importo de ficar contigo para sempre...
ficar apenas eu e a minha esfumada solidão...

sábado, fevereiro 03, 2007

Desespero


"Não eram meus os olhos que te olharam
Nem este corpo exausto que despi
Nem os lábios sedentos que poisaram
No mais secreto do que existe em ti.
Não eram meus os dedos que tocaram
Tua falsa beleza, em que não vi
Mais que os vícios que um dia me geraram
E me perseguem desde que nasci.
Não fui eu que te quis. E não sou eu
Que hoje te aspiro e embalo e gemo e canto,
Possesso desta raiva que me deu
A grande solidão que de ti espero.
A voz com que te chamo é o desencanto
E o espermen que te dou, o desespero. "
Ary dos Santos